Bernardo Moraes - Minimundo
Here you can read online Bernardo Moraes - Minimundo full text of the book (entire story) in english for free. Download pdf and epub, get meaning, cover and reviews about this ebook. City: Porto Alegre, year: 2014, publisher: Dublinense, genre: Detective and thriller. Description of the work, (preface) as well as reviews are available. Best literature library LitArk.com created for fans of good reading and offers a wide selection of genres:
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- Book:Minimundo
- Author:
- Publisher:Dublinense
- Genre:
- Year:2014
- City:Porto Alegre
- Rating:4 / 5
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Minimundo: summary, description and annotation
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Minimundo — read online for free the complete book (whole text) full work
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Para Daniela,
pelos motivos de sempre
(casos inslitos, escritores mortos e um pouco sobre o fim do mundo)
MULDER: Bem, voc sabe, s vezes a verdade pode ser mais estranha que a fico.
WAYNE FEDERMAN: Bem, a fico mais rpida que a verdade, e mais barata.
Arquivo X, Hollywood A. D.
Esta a mais longa das noites disse o demnio da mentira, um dos nicos demnios a me visitar naquela madrugada.
Diga algo que no seja verdade. Disso que voc falou eu j sei respondi.
Esquea esse livro e v dormir ele sugeriu. Sua mulher lhe espera, quente, no leito macio do descanso. O que voc faz ainda no frio da madrugada?
Tenho de terminar o livro. Tenho.
Ele ento me fez lembrar de todas as noites com minha mulher, as madrugadas de amor suado, os pesadelos confortados em seus braos e os sonhos acalentados entre os aromas de seu pescoo. Quase cedi tentao, mas voltei a digitar, fingindo que no mais percebia a sua presena.
Pare de escrever agora e lhe recompensarei.
Fez aparecer minha frente trs mulheres lindas, das mais lindas que j vi ou sonhei, em trajes sumrios que agradavam a vista e as fantasias. Pisquei com fora e voltei a escrever.
Voc no fcil ele me disse.
No sou fcil confirmei.
Ele ofereceu os manjares, pratos e doces de todos lugares do mundo, doces com os quais eu nunca sonhara, o nctar colhido das flores do den e usado em receitas ancestrais por doceiras italianas. Os animais mais belos e dceis para que eu pudesse acariciar e contar meus segredos. A cura para o meu sono inquieto, a resposta para uma pergunta qualquer de minha escolha.
No sou fcil disse eu ao demnio da mentira. E assim creio: que se voc o demnio da mentira, nada do que me promete pode ser verdadeiro.
A tentao verdadeira.
A vontade que verdadeira fechei o notebook, livro pronto.
Voc no fcil disse-me.
No sou fcil repeti. Quer uma cerveja?
J que estou aqui disse ele, dando de ombros e sentando numa das poltronas, vencido.
Est vivo! Est vivo!
As gargalhadas do cientista ecoavam pelas paredes frias do castelo naquela noite de tempestade. A criatura que ele construra artificialmente mexia os dedos e piscava devagar.
Minha Criatura! Seja bem-vinda entre o mundo dos que vivem e sentem! A vida lhe foi infundida pela fora de um raio e...
Mas o que isso?
O cientista, confuso com a pergunta, indagou:
Isso o qu, Criatura?
Essa sensao no peito? Essas... dvidas?
Isso ser humano, Criatura! pensar e sentir! no ter certeza do amanh!
A Criatura sentou-se e olhou bem para o cientista.
Mas isso uma droga!
Dentro da cabea de um escritor, trabalhavam cinco pedaos da sua personalidade.
No escrevo mais! gritou o revoltado, arrancando a folha da sua mquina de escrever. O rudo das teclas dos outros cessou imediatamente.
Mas capaz! Vai viver do qu? perguntou o sensvel.
E eu l ganho dinheiro com isso? No sou que nem o outro ali do canto.
O outro ali do canto suspirou, entediado.
No tenho culpa se vendo bastante disse ele.
Ora, voc...
No comecem com isso de novo disse o apaziguador.
Um silncio eltrico pairou sobre a sala escura. Um mosquito voou pela estreita faixa de luz e pousou sobre um nariz cujo rosto escondia-se nas sombras.
Voltem ao trabalho, suas lesmas.
O misterioso aproximou-se vagarosamente da luz e revelou um olhar autoritrio por cima dos culos de meia-lua.
O sensvel gemeu de medo e voltou a trabalhar. O revoltado resmungou:
Eu quero saber por que s ele no tem mquina de escrever.
Shh repreendeu o outro ali do canto.
O misterioso sorria satisfeito enquanto voltava a esconder-se entre as sombras da sala escura.
Tentei correr contra o tempo ontem.
E a?
Ele trapaceou.
Bah! De novo? E agora?
Avisei a comisso antidoping. Daqui a pouco devem anunciar o novo vencedor.
Cada um tem que lutar com seus prprios demnios... refletiu o rapaz.
Pare de falar e escolha logo sua arma! gritou o demnio.
Eu sou o Destino! Vim avis-lo que...
Blam! Dei-lhe um soco na cara.
O Destino, ou o raio que o parta, se estatelou no cho e derrubou uma das mesas do bar, sangrando pelo nariz.
Hoje eu estou me sentindo realista justifiquei, sob seu olhar atnito.
Quando acordou, o homem no estava mais l.
Estvamos eu e Billy, the Kid, num quarto apertado e esfumaado, as paredes completamente cobertas por uma coleo de latas de cerveja. Tnhamos entre ns uma mesa com as cartas do jogo de pacincia que disputvamos h horas. O que duplamente estranho, porque pacincia um jogo solitrio e rpido.
Eu sou uma lenda. Desista disse ele, insolente como sempre.
Saquei meu Colt e dei-lhe um tiro nas entranhas. Billy, the Kid, caiu como um saco de batatas velhas sobre a mesa, espalhando as cartas por todo lado. Assoprei a fumaa do cano e enfiei a arma de volta no coldre.
Pi de merda eu disse, cuspindo no cho.
Joo Nessuno tinha em sua biblioteca particular um livro nico, uma enciclopdia com todas as respostas para todas as perguntas. Fora um cigano romeno que lhe vendera o belo exemplar, numa feira de antiguidades de Itapetininga. Dezembro de oitenta e dois. A capa vermelho-sangue estampava em letras douradas o ttulo Enciclopdia ltima .
Mas cuidado disse o cigano. Saber todas as respostas pode ser uma maldio.
Naquela tarde de domingo, depois do churrasco de Dia dos Pais, Joo resolveu abrir a Enciclopdia ltima pela primeira vez.
Saber de onde viemos e para onde vamos no ajudou em muita coisa. Saber se Deus existia ou no tambm passou batido porque, na prtica, dava na mesma. Continuou folheando o volume, mas simplesmente no achou uma passagem que interessasse. A diferena entre sombra e luz era nfima. As mulheres continuavam confusas mesmo em definies especficas. A melhor cerveja do mundo no existia mais. A vida depois da morte existia, mas era muito chata. A nica coisa til foi saber onde iam parar todas as canetas bic que se perdiam.
Joo bocejou. Largou o livro no fundo da estante.
Maldio o cacete. Dinheiro jogado fora resmungou, enquanto esperava as pipocas estourarem no micro-ondas.
O dia t perfeito pra pegar um bronzeado! exclamou Joo, vestindo o calo de banho.
Sua mulher suspirou de surpresa.
T maluco, Joo? perguntou ela. O sol est em supernova, ele vai explodir hoje!
Ele olhou pela janela e percebeu a forte claridade vermelho-alaranjada.
Justamente por isso disse ele devagar, como se explicasse a uma criana. Pela primeira vez, no preciso me preocupar com o maldito filtro solar!
Pnico generalizado. S o Joo sentado beira-mar. O meteoro se aproximava a milhares de quilmetros por hora, e l da praia se podia ver a imensa bola de fogo que iluminava tudo e crescia cada vez mais. Joo colocou os culos de sol e passou o protetor solar vagarosamente.
Esse buraco na camada de oznio ainda mata a gente disse ele.
Era uma noite fria de dezembro na cabana escura entre as montanhas. Eu tomava conhaque em frente lareira e sentia no ombro direito o roar das asas.
O corvo, empoleirado sobre a minha cadeira, calado contemplava as chamas. Eu ali, perdido em pensamentos, deixava que o corvo falasse de tempos em tempos:
Nunca mais.
, nunca mais eu repetia, servindo-me mais conhaque.
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