Copyright Flammarion, 2010
Ttulo original em francs: Derrida
PROJETO GRFICO DE CAPA
Babilnia Cultural
FOTO DE CAPA
Jacques Derrida, 1991 Horst Tappe/Fondation Horst Tappe/Roger-Viollet
CIP-BRASIL. CATALOGAO NA PUBLICAO
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
P421d
Peeters, Benot, 1956
Derrida [recurso eletrnico] / Benot Peeters ; traduo Andr Telles. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Civilizao Brasileira, 2013.
recurso digital
Traduo de: Derrida
Formato: ePub
Requisitos do sistema: Adobe Digital Editions
Modo de acesso: World Wide Web
ISBN 978-85-200-1191-1 (recurso eletrnico)
1. Derrida, Jacques. 2. Filsofos - Frana - Biografia. 3. Livros eletrnicos. I. Ttulo.
13-01051
CDD: 921.4
CDU: 929:1(44)
Todos os direitos reservados. proibido reproduzir, armazenar ou transmitir partes deste livro, atravs de quaisquer meios, sem prvia autorizao por escrito.
Texto revisado segundo o novo Acordo Ortogrfico da Lngua Portuguesa.
Direitos desta traduo adquiridos
EDITORA CIVILIZAO BRASILEIRA
Um selo da
EDITORA JOS OLYMPIO LTDA.
Rua Argentina, 171 Rio de Janeiro, RJ 20921-380 Tel.: 2585-2000
Seja um leitor preferencial Record.
Cadastre-se e receba informaes sobre nossos lanamentos e nossas promoes.
Atendimento e venda direta ao leitor:
mdireto@record.com.br ou (21) 2585-2002
Produzido no Brasil
2013
Ningum jamais saber a partir de que segredo eu escrevo, e o fato de eu diz-lo no muda nada em relao a isso.
Jacques Derrida, Circonfisso
Sumrio
Prefcio
Quando foi publicada em 2010 na Frana, esta biografia de Jacques Derrida recebeu uma resenha extremamente elogiosa da terica e psicanalista Elisabeth Roudinesco no jornal Le Monde . Trata-se da primeira pesquisa de flego sobre a vida daquele que foi considerado o filsofo mais influente da segunda metade do sculo XX, permanecendo como referncia decisiva para o pensamento do sculo atual. Este um estudo que ser til tanto para quem deseja travar um primeiro contato quanto para quem j detm um maior ou menor conhecimento da obra de Derrida.
Durante trs anos, Benot Peeters mergulhou na vida e na obra de Derrida, lendo e relendo seus textos fundamentais, a fim de dar uma fundamentao terica investigao, evitando assim meramente narrar os fatos de uma existncia sem dvida excepcional. Vrios grandes acontecimentos da segunda metade do sculo passado no Ocidente atravessam a vida de Derrida, como, por exemplo, a guerra de independncia da Arglia, ex-colnia francesa onde nasceu. Para bem realizar sua tarefa de bigrafo, Peeters leu tambm uma massa impressionante de documentos, consultados em sua maioria nos arquivos de Derrida, ora depositados em grande parte no Institut Mmoires de ldition Contemporaine (Imec) e na Universidade da Califrnia, em Irvine. Do mesmo modo, viajou bastante para entrevistar uma centena de pessoas que compartilharam a vida privada do pensador franco-argelino, bem como as que compareceram em sua vida acadmica, sendo que algumas transitaram entre as duas esferas.
Derrida manteve relaes estreitas, em momentos distintos, com nomes como Michel Foucault, Paul Ricoeur, Louis Althusser, Jean Genet, Gilles Deleuze, Hlne Cixous, Emmanuel Levinas, Maurice Blanchot, Sylviane Agacinski, Roland Barthes, Elisabeth Roudinesco, Paul de Man, Philippe Sollers, Avital Ronnel, Jean-Franois Lyotard, Jacques Lacan, Pierre Bourdieu, Julia Kristeva e Jean-Luc Nancy, entre muitos outros. Trata-se, portanto, de uma biografia que permanecer como referncia internacional para os que se interessam pela chamada desconstruo, mas tambm para todos os que se debruam sobre o pensamento filosfico e sobre as questes culturais em geral.
Sabe-se infelizmente, de antemo, que o protagonista desta histria vai perecer. Todavia, o que emerge, ao fim e ao cabo da leitura, no o retrato idealizado de um heri. Peeters no se furtou a expor aspectos mais delicados de uma vida turbulenta, seus fracassos institucionais e seus problemas de ordem particular. Isso tanto mais relevante quando se trata de abordar a obra de um pensador que, pelo menos desde o livro Otobiographies Otobiografias (1984), no parou de teorizar acerca das relaes entre vida e obra, at mesmo inserindo performativamente elementos de sua existncia em textos tericos, dentro da linhagem de Nietzsche e de Benjamin. Certamente deve haver um limite alm do qual a vida de um filsofo ou escritor deixa de servir ao interesse pblico. Contudo, se tal limite nunca foi nitidamente demarcado, hoje ento, com toda a cultura das celebridades, a exposio da vida ntima virou mercadoria comum e nada mais choca nem espanta. A meu ver, Peeters encontrou o justo equilbrio entre os dois mbitos por que passa sua pesquisa: o da atividade filosfica de Derrida, com sua respectiva persona de homem pblico, e o de sua vida privada.
No que diz respeito vida pessoal, senti apenas falta de uma maior relevncia do papel da esposa Marguerite Derrida nessa vida extraordinria, mas em certo sentido nada exemplar, pois no pode nem deve ser erigida como modelo. Parece-me que resta escrever com maior extenso sobre a importncia dessa psicanalista e tradutora do russo com quem Derrida conviveu durante cerca de meio sculo. Marguerite comparece neste volume ainda como um perfil a ser mais bem retratado nos anos vindouros.
Derrida no Brasil
Em 2007, quando fazia um ps-doutorado na Universidade Livre de Berlim sobre as relaes do pensamento de Jacques Derrida com Walter Benjamin, recebi um e-mail do ento responsvel pelo Escritrio do Livro do Consulado da Frana no Rio de Janeiro, Jrmie Desjardins, informando que o futuro bigrafo de Derrida gostaria de falar comigo. Logo depois veio uma mensagem de Benot Peeters, dizendo ter tido conhecimento, por meio da entrevista de Derrida concedida ao jornal Le Monde , que sua ltima viagem fora ao Brasil, para realizar a conferncia de abertura do Colquio Internacional Jacques Derrida 2004: Pensar a Desconstruo , por mim organizado no Rio de Janeiro. um dirio de escrita da biografia, curiosamente a pesquisa de uma vida comeava pelo fim, pois eu seria o primeiro de uma centena de testemunhas e teria a finalidade de explicar, entre outras coisas, por que o pensador da desconstruo fizera essa longa travessia quando j se encontrava bastante debilitado. O motivo de escrever este prefcio vem do desejo expresso do prprio Peeters no sentido de que fosse feita uma introduo dirigida ao pblico brasileiro.