Elboni - Um Sorriso ou Dois – Para Mulheres Que Querem Mais

Dedico este livro minha me. A meu pai.

A meus familiares. A minhas leitoras.

E a todas as pessoas que sabem a importncia de desferir um sorriso sincero em um dia comum.

Agradecimentos

Primeiramente, agradeo imensamente Lara pelo convite para escrever este livro. Com certeza, devo a ela algumas dessas pginas se no todas. Agradeo Dbora pelo carinho e pela disposio repleta de exclamaes alegres para lapidarmos, juntos, este livro. Agradeo ao Rafael que me deu uma oportunidade mpar de ser um dos autores-roteiristas do programa Amor & Sexo da Rede Globo. Agradeo ao Vitor, que sempre trabalhou com afinco ao meu lado no design de todos os meus projetos. Agradeo aos colaboradores do blog, que aceitaram trilhar esse caminho comigo de forma to fidedigna.

Agradeo minha me que, nas entrelinhas dificultosas da vida, sempre soube me estender a mo e sorrir de peito aberto comigo. E que, mesmo na ausncia do meu pai (em memria) , me educou da forma mais digna possvel. Agradeo ao meu pai que, sempre sagaz e esperto, me ensinou a ser um homem de viso ampla frente ao mundo e, claro, a ouvir boa msica. Agradeo a ele tambm grande parte da minha criatividade, meu jeito de falar com as mos e minha facilidade em fazer amizade com entregadores de pizza, jardineiros e zeladores. Agradeo ao meu av, que sempre me ensinou a mais fina filosofia sem nunca ter pisado em uma faculdade. De olhos alegres, agradeo a ele por ter me contado sobre as fluncias da vida, por me aconselhar a dar o devido valor ao meu primeiro p de borracha como ele mesmo diz e por ser o epicentro de equilbrio da nossa famlia.

Agradeo aos meus amigos, que sempre me apoiaram com conversas e ideias repletas de positividade. Agradeo s minhas leitoras sem elas, eu no teria realizado este sonho. E, por fim, agradeo s mulheres que marcaram minha vida, descobriram minhas normalidades, minhas rotinas, meus charmes, e sorriram comigo de rosto colado. Impossvel esquec-las. Mesmo as que j me esqueceram.

Um pouco sobre Frederico Elboni

Alguns dias atrs, foi aniversrio do meu pai, e, parte por acaso, parte por cio, me sentei em um canto da minha casa e comecei a repensar em tudo. Nas coisas que perdi, nas coisas que deveria ter feito.

Quando mais novo, errei vrias vezes. Errei ao deixar de dizer como era linda a minha primeira namorada deitada, lendo O pequeno prncipe pela vigsima vez. Errei quando no deixei o sentimento me dominar e, se preciso, me jogar ao cho passando frio. Mas, principalmente, errei por no ter dito algumas coisas antes de o meu pai partir.

No ter meu pai desde os 13 anos foi algo que me deixou desprovido de vrios aprendizados. Com quem vou dar toquinho com bola de capoto no parque? Como conquisto uma mulher sem parecer bobo? O que as mulheres querem? Como dou n em gravata? verdade que as escorpianas so sempre mais safadas? O que so as tais malcias da vida?

No apenas uma questo de saudade, mas, tambm, de esses acontecimentos terem me podado vrios sonhos, caminhos e, principalmente, lies. A vida me imps amarras que sufocavam minha vontade de demonstrar os meus sentimentos. Sem esses conselhos de pai, me aventurei a aprender sozinho o que era preciso para me tornar um homem.

Comecei sendo bobo e ingnuo com as meninas, do tipo amigo perfeito. Perdi muitas namoradinhas se que posso afirmar isso por ser assim. Nunca vou esquecer o que meu pai me disse no meu aniversrio de 13 anos. Eu tinha acabado de perder a oportunidade de conquistar a menina de que eu gostava para um colega, por questo de burrice e insegurana. Senti-me repudiado e desesperanoso, pois s estava aguardando a hora e o lugar certos para abord-la com um poema. Sem pestanejar, meu pai me disse, por telefone: Lico, no existe local e momento para conquistar, voc os cria, voc determina as regras. (Ele me chamava assim, pois, quando pequeno, eu no sabia pronunciar meu nome e falava Fredelico.)

Desamparado e sentindo-me vazio, resolvi me dedicar a mim mesmo, tanto literal quanto intrinsecamente. Comecei a decifrar o Frederico, a estudar mais sobre o mundo, a aprender como me vestir adequadamente, como comer e como me portar, sempre buscando o melhor do pouco que absorvi do meu pai.

Com o tempo, tornei-me mestre dos meus sentimentos: sabia conquistar, sabia dizer as coisas certas nas horas certas e talvez at soubesse exatamente o que fazer para ganhar a mulher que eu quisesse. Mas pode ser que, em todos esses anos, eu nunca tenha realmente me entendido, me descoberto, me conquistado Na verdade, cheguei a um ponto-chave da vida em que a frivolidade supriu os sentimentos.

Em vrios momentos, eu chegava em casa, sentava-me por horas no sof perto da varanda e ficava tentando me entender Como isso era possvel? Eu conquistava a mulher que julgava sublime, levava-a para jantar, misturava, na medida perfeita, o meu jeito grosso e carinhoso, colocava uma msica, criava charmes com conversas mundanas e, aps toda essa novela, deitava na minha cama pensando Ento isso?. Ningum me despertava algo diferente, ningum deslocava o meu corao do lugar, e meu estmago era um timo repelente de borboletas.

Apesar de tudo, nunca tive receio de ficar sozinho e viver essa vida baseada em uma aventura comigo mesmo. Sempre achei o mximo ser um lobo solitrio, pegar minha mochila e conhecer vrias culturas, mulheres, lugares E, nesse meu mundo de lobo solitrio, nunca encontrei espao para encaixar mais algum. Na minha cabea, as coisas sempre foram muito bem calculadas e determinadas por vantagens e desvantagens. Por um lado, raramente deixei de suprir minha vontade de conquistar determinada mulher; por outro, talvez nunca tenha sentido algo engrandecedor como a maioria julga sentir.

Com o tempo e a maturidade da vida, que ainda muito me deve ensinar, aprendi que o errado sempre fui eu. No eram as pessoas que no me despertavam nada; na verdade, era eu que no lhes dava oportunidade de me despertar. Sem perceber, eu aprisionava meus instintos de gostar, por medo de ter que arcar com certas consequncias. At porque no so os outros que devem se adaptar sua bronca perfeio, mas sim voc que deve se adaptar aos defeitos dos outros. E talvez seja essa a premissa da minha vida: estudar, me entender, entender as pessoas e levar a elas palavras que arranquem sorrisos, pudores, anseios, medos e mostrem que a simplicidade sempre estar na perspectiva, e no na situao.

Ser uma pessoa rasa sempre mais fcil, mas, quando voc se predispe a estudar os traumas que te marcaram, a parte psicolgica e cognitiva, acaba percebendo como eles te moldam. Comea a entender o motivo dos defeitos, das atitudes, dos sonhos e, sobretudo, dos receios de cada um. Hoje eu sei o quanto preciso do amor para ser criativo e ter prosperidade, mas, principalmente, para ser ainda mais eu.

Com a voz um pouco presa, s gostaria de dizer que sinto uma saudade gostosa de voc, pai, e que ela sempre, sempre ser baseada no orgulho, na admirao e em algumas lgrimas. Obrigado por, mesmo no estando presente, ter jogado alguns pedacinhos de po no meu caminho para eu saber sempre para onde voltar.

Abraos, Fred.